DE TRIANA A BARRANCOS, PASSANDO PELA FICÇÃO HISTÓRICA
Reportemo-nos a uma época marcada pelo preconceito e pela intolerância na Espanha da primeira metade do Século XVIII, mais concretamente ao cenário demarcado por Sevilha/Triana com o contrabando de tabaco entre Espanha e Portugal, e com o pano de fundo da perseguição aos ciganos da província e de toda a Espanha.
Do contrabando...referia-se a "los habanos, de la incursión que acababan de hacer al lugar de Barrancos, ya cruzada la raya con portugal". (1)
Barrancos surge na novela como peça importante de todo o enredo, ponto de partida e de chegada, porto de salvação para os fugitivos da chamada " Grande Redada" (grande rusga, batida, prisão) que por ordem de Fernando VI rei de Espanha, e orquestrada pelo Marqués de La Ensenada, se iniciou a 30 de Julho de 1749 (2) conduzindo à prisão de mais de 9000 homens, mulheres e crianças de etnia cigana em todo o País (3).
- Te dábamos por muerto, Galeote - le dijo Méndez tras un afectuoso saludo - .....
Se hospedarón en las instalaciones del vendedor de tabaco y al igual que en la venta de Gaucín, Melchor se ocupó de dejár bien claro a cuantos mochileros y contrabandistas aparecieron por el lugar que Caridad era suya y por lo tanto intocable. Los tres primeros dias, Melchor los pasó reunido con Méndez." (4)...
"Llevaba más de tres años contrabandeando en Barrancos..." (5)...
"La misma obstinación que habia mostrado a los pocos meses de su llegada a Barrancos, cuando en una salida por la sierra de Aracena se toparón con un grupo de gitanos que hablaba de los de Triana." (6)
"Lo de los traperos no funcionará - le advirtió Melchor -, nos pillarán; terminarán deteniéndonos.Vámonos lejos de aqui. A Barrancos.»" (7)
"Sí Melchor, Caridad, Milagros y fray Joaquin habian tardado cerca de una semana en recorrer el camino desde Barrancos a Triana, Martin Vega empleó tan solo tres dias en galopar desde la raya portugues hasta la ciudad de córdoba." (8)
"Habían transcurrido dos dias desde la pelea.Melchor despertó en plena noche y acomodó su visión a la tenue iluminación de las velas del piso desocupado del callejón donde se habían instalado; contempló unos instantes a Ana y Milagros, al pié del jergón.
Luego pidió que lo llevarón a Barrancos... - Lo que tenga que suceder, sucederá - afirmó -,aqui en Barrancos...o camino de Barrancos - se adelantó a la segura pregunta de la gitana." (9)
«En Barrancos sanará.» (10)
- O livro é a visão ficcionada de acontecimentos históricos e de um século de preconceito e intolerância, e o autor transmite-nos vivências, personagens e perspectivas de uma Espanha absolutista e, porque não obscurantista e elitista a um tempo, e é neste tempo que se enquadra como dizia o Prof. da Universidade de Sevilha José Luis Goméz Urdañez , "un proyecto de disolución y extermínio cultural" referindo-se aos ciganos.
(1) - La Reina Descalza - pg. 97
(2) - Também conhecida como "Prisión General de Gitanos", operação que só foi possível graças à Lei Pragmática de 1745, promulgada pelo seu antecessor Felipe V.
(3) - Um dos episódios mais negros da História de Espanha, onde se ordena a captura da totalidade dos ciganos de Espanha, que foram destinados ás galés, ao trabalho forçado nas minas, nas fábricas, e ás prisões.
(4) - La Reina descalza - pgs. 400, 401.
(5) e (6) - " " " - pg. 651.
(7) - " " " - pg. 680
(8) - " " " - pg. 712
(9) - " " " - pg. 734
(10) - " " " - pg. 740




